O exercício geral do plano de emergência da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA) será realizado na semana que vem, nos dias 31 de agosto e 1º de setembro. Tendo como cenário a simulação de um acidente em Angra 2, permitirá avaliar a eficácia do plano, identificar possíveis pontos vulneráveis e aperfeiçoar procedimentos. Mesmo baseado em uma situação fictícia, o exercício é uma megaoperação que envolve entidades civis e militares, além da população da região.
Esse ano, há várias novidades. Em primeiro lugar, o exercício acontecerá em dois dias, ao invés de apenas um, como aconteceu nas edições anteriores. Além disso, o Centro de Coordenação e Controle de Emergência Nuclear (CCCEN) – que coordena as ações locais do plano – e o Centro de Informações de Emergência Nuclear (Cien) – responsável pela divulgação de informações ao público – contam com sede nova, no antigo prédio do Espaço Cultural Eletronuclear, no centro de Angra. A Eletronuclear também adquiriu novos equipamentos de videoconferência para o local.
Adicionalmente, a Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro veiculará mensagens sobre o exercício nas rádios da região para simular uma situação de emergência real. Agentes de saúde também simularão a distribuição de pastilhas de iodeto de potássio, que protegem a tireóide do iodo-131, radioisótopo que poderia ser liberado em caso de acidente nuclear. No exercício, serão usadas balas.
Por último, a Eletronuclear – com apoio das entidades que participam do plano – realizou uma ampla campanha publicitária – incluindo rádio, TV e mídia impressa – para divulgar o plano de emergência e a realização do exercício geral.
Simulação inclui evacuação de voluntários
O quadro simulado no exercício inclui o risco de liberação de radiação para o meio ambiente e a decretação de situação de emergência. Parte dos residentes em um raio de 5 km em torno das usinas, incluindo habitantes das ilhas, será removida e abrigada em escolas estaduais, municipais e no Colégio Naval de Angra dos Reis. Eles foram convidados e participarão voluntariamente do exercício.
Exército, Marinha e Aeronáutica mobilizarão aeronaves, embarcações e veículos terrestres. Integrantes da Polícia Militar e da Polícia Rodoviária organizarão o deslocamento de automóveis e pedestres. Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e unidades hospitalares auxiliarão no atendimento à população. Profissionais da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) ficarão de prontidão para medir a radioatividade na região e monitorar pessoas que possam ter recebido doses de radiação.
O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República é o responsável pela coordenação do exercício, já que é o órgão central do Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro (Sipron). A organização detalhada das ações dos dias 31 de agosto e 1º de setembro foi realizada pelo Comitê de Planejamento de Resposta a Situações de Emergência Nuclear no Município de Angra dos Reis (Copren/AR). O comitê reúne representantes do GSI, da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), da Eletronuclear, da Cnen, da defesa civil nacional, estadual e municipais de Angra dos Reis e Paraty, do Corpo de Bombeiros e do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), do governo do estado do Rio.
Destaques do exercício
No dia 31 de agosto, às 8h, haverá uma entrevista coletiva com os coordenadores do exercício. Estarão presentes o Secretário de Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Simões; o subsecretário estadual de Defesa Civil e coordenador do exercício, Jerri Pires; o coordenador do Centro de Coordenação e Controle de Emergência Nuclear (CCCEN), Otto Ramos da Luz; e o coordenador do Plano de Emergência Local (PEL) da Eletronuclear, Paulo Werneck. Também marcarão presença representantes da Defesa Civil de Angra dos Reis e Paraty, da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) e do Ministério da Saúde, entre outras entidades.
Dentre os destaques do exercício, está a simulação da transferência de um radioacidentado do Centro de Medicina das Radiações Ionizantes (CMRI), na Vila Residencial de Mambucaba, até o Hospital Naval Marcílio Dias, no Rio de Janeiro. Essa atividade acontecerá no dia 1º de setembro, às 11h30.
No dia 31, haverá a simulação de retirada dos trabalhadores da central nuclear de Angra. No dia seguinte, haverá treinamentos de evacuação de moradores de Angra dos Reis, em localidades situadas até 5 km das usinas, como Pingo D’Água, Guariba, Frade e Praia Vermelha.