Brasil completa 3 décadas de energia nuclear com
avanços tecnológicos e criticas
O Brasil chega aos 30 anos de uso da
energia nuclear com recorde de produção de 15,644 milhões de megawatts-hora
(MWh), registrado no ano passado, e a possibilidade de, com a conclusão de
Angra 3, em 2016, ter 60% do consumo de energia elétrica do estado do Rio de
Janeiro abastecidos pela fonte nuclear. As informações são da Agência Brasil.
Hoje, as duas usinas nucleares em
funcionamento no país, Angra 1 e Angra 2, geram o equivalente a 30% do que é
consumido no estado. Na avaliação do presidente da Eletronuclear, Othon Luiz
Pinheiro, o uso da fonte nuclear para geração de energia trouxe ao país
maturidade tecnológica na área, abrindo o campo de trabalho e colaborando para
a formação de engenheiros nucleares de padrão internacional.
- A principal vantagem que tivemos foi
o aprendizado - avaliou.
Para Othon Pinheiro, hoje, não se pode
prescindir da fonte nuclear de energia que, na sua opinião, não pode ser
descartada da matriz energética nacional.
- É muito importante na geração de
eletricidade, porque nós temos, hoje, no Brasil, 80% da população vivendo nas
cidades. A sustentabilidade das cidades passa pela energia elétrica, da forma
mais econômica e racional possível - disse.
Ele, inclusive, refuta o posicionamento
de ambientalistas, que fazem oposição ao uso da energia nuclear, defendendo que,
"se tratada de forma adequada, é uma fonte de energia limpa e não deve ser
descartada da matriz energética nacional".
Othon Pinheiro lembrou da
característica estratégica da energia nuclear, por ser opção em caso de
problemas na oferta de energia elétrica devido a questões climáticas, já que a
matriz energética é majoritariamente hidrelétrica.
- Precisamos da (fonte de energia)
eólica, da solar. Seria bom se elas trabalhassem sozinhas. Mas a gente precisa
das térmicas, para acionar em caso de problema da natureza. Energia é como ação
(da Bolsa de Valores). Por melhor que seja, a gente tem que comprar uma cesta
de papéis para garantia do investimento - afirmou.
Para o presidente da Eletronuclear, o
país não pode descartar nenhuma fonte de energia renovável. Ele defende a
geração de energia nuclear por considerá-la de baixo impacto ambiental e por questões
de custo. Pinheiro ressalta que, dentre as térmicas, como as que produzem
energia a partir do carvão, óleo combustível ou gás, a usina nuclear é a que
tem menos custo. Além disso, ele lembra que o Brasil tem uma grande reserva de
urânio, sendo "falta de imaginação" não aproveitar esse potencial.
Angra 1, a primeira usina nuclear a
entrar em funcionamento no país, foi interligada ao sistema elétrico nacional
no dia 1º de abril de 1982. E, mesmo contestando a real necessidade do Brasil
lançar mão dessa fonte de energia tão controversa, o físico Luiz Pinguelli
Rosa, ex-presidente da Eletrobras, acredita que a geração de energia nuclear
constitui um fato histórico. "A gente não pode se arrepender da história.
Ela é como é", disse Pinguelli à Agência Brasil.
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