O setor da construção foi o
que mais contratou no primeiro trimestre de 2012, no Estado do Rio de Janeiro,
atingindo saldo recorde: foram criadas 17.443 novas vagas, sendo registradas
importantes contratações na Indústria Naval – só o estaleiro de Angra dos Reis
contratou no mesmo período, segundo a FIRJAN, mais de 1.000 trabalhadores.
Hoje, o estaleiro Brasfells tem cerca de 9.000 metalúrgicos, o maior número de
contratações já alcançado, ultrapassando inclusive o de trabalhadores
empregados na década de 70, nos áureos tempos da construção naval. No entanto,
os números que, a princípio, parecem animadores, muitas das vezes escondem a dura
realidade do cotidiano operário que teve o menor índice de reajuste salarial da
categoria no país e ainda sofre com a falta de cursos de formação e
qualificação profissional.
A reabertura do Estaleiro angrense aconteceu
no ano 2000, o último do Governo Castilho (PT), graças à garra dos
trabalhadores metalúrgicos, que ocuparam o estaleiro forçando o governo
estadual a entrar na luta em prol desse setor, fundamental não apenas para a
economia de Angra dos Reis, mas de todo o Estado do Rio de Janeiro. Na ocasião,
o governo do estado colocou três obras de reparo em nosso estaleiro (Jurupema,
Maruim e Bicas), o que deu fôlego inicial ao setor.
Com
a vitória do Presidente Lula, nas eleições de 2002, a retomada da indústria naval
foi efetivada. Lula, um metalúrgico comprometido com o setor, criou o conteúdo
nacional onde cerca de 70% das obras, obrigatoriamente, passou a ter que ser
feita nos estaleiros nacionais, por trabalhadores brasileiros. Posteriormente,
vieram incentivos dos governos estadual e municipal, com a ressalva de que as
contrapartidas para esses incentivos nunca foram cobradas. - Outro problema é a falta de oferta de
cursos de formação e qualificação. Destinei, no orçamento municipal deste ano,
R$ 400 mil para a implantação de cursos. Estamos nos aproximando do final do
ano e até agora o governo municipal não usou esta verba para implantar o
programa. O reflexo é que quase 50% dos metalúrgicos do estaleiro angrense não
são do nosso território, sendo que o incentivo fiscal tem que, como
contrapartida, gerar emprego para os moradores da região (Angra dos Reis,
Mangaratiba, Paraty e Rio Claro). A empresa alega que nossa mão-de-obra não é
capacitada para algumas funções – e aí pergunto: onde estão os R$ 400 mil do programa
fomento à geração de trabalho e renda, que inseri no orçamento? Temos
trabalhadores que permanecem anos como ajudante e meio oficial, quando poderiam
estar sendo qualificados para exercer outras funções. Também não temos cursos
para formar nossos jovens, que buscam o primeiro emprego e, despreparados,
ficam na porta do estaleiro lutando para conseguir uma vaga de ajudante. Temos
ainda a questão do transporte dos metalúrgicos, que é descontado de seu salário
no valor real (R$ 2,60) – é a única categoria que não tem direito a utilizar o
programa ‘Passageiro Cidadão’ e pagar R$ 1,00 pela passagem, sob a alegação de
que utilizam ônibus fretado. Ocorre que os ônibus que os transportam estão
sempre cheios, na maioria das vezes até mais lotados que os das linhas normais.
Por que essa discriminação? Esse é um dos motivos de minha luta pela
regularização das vans e dos mototaxis, que sempre foram utilizados pelos
metalúrgicos para fugir da superlotação dos ônibus e chegar no horário ao
serviço.
Precisamos continuar na luta
por melhorias concretas para os metalúrgicos de Angra dos Reis. O emprego está
assegurado, ao menos até o ano 2020, pois o Brasfells assinou contratos para a
construção de seis sondas de perfuração e dos módulos de duas obras de FPSO,
tanto que até meados de 2013 o espaço físico do estaleiro deve ser ampliado. A
perspectiva, nesse sentido, é de que novas contratações sejam feitas ao longo
dos próximos anos, principalmente considerando a exploração do pré-sal. Então,
vamos continuar firmes na luta pela valorização dos nossos profissionais e
vamos cobrar para que o Brasfells invista na construção de navios.
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